História do Cinema


_______________________


Febre do rato, de Claudio Assis
O projeto de Febre do Rato nasceu em 2003 através de uma parceria entre o diretor Cláudio de Assis, o roteirista Hilton Lacerda e a produtora Parabólica Brasil. Desde então, o projeto vem conquistando parceiros e apoios no intuito de viabilizar um filme de qualidade técnica e artística.
Febre do rato é uma expressão popular típica da cidade de Recife (localizada na Região Nordeste do Brasil), que designa alguém que está fora de controle, alguém que está danado. E é assim que Zizo, um poeta inconformado e de atititude anarquista, chama um pequeno tablóide que publica às próprias custas.
O primeiro longa em preto-e-branco do cineasta, completa trilogia criativa realizada com o fotógrafo Walter Carvalho (eles já haviam trabalhado imagens monocromáticas no curta Texas Hotel). Desta vez, a cor forte de Amarelo Manga será substituída pelo preto e branco. “Nada mais abstrato do que o amor. Nada mais doloroso, nada mais prazeroso, confuso, atraente, apaixonante que o amor. Para mim o amor se dá num plano preto e branco”, explica Carvalho sobre a opção pelas escalas de cinza. Para ele, a escolha é uma forma de desdizer o que foi dito nos outros filmes e fugir da tendência do cinema contemporâneo de se valorizar cada vez mais a verossimilhança com o real, principalmente com o advento da tecnologia 3D. “O cinema do Cláudio é um cinema libertário. Ele é irreverente, provocador. Ele vê a face bonita e a face feia do objeto. A fotografia tem que mostrar esse mistério entre o que se apresenta e o que se deduz”, diz
Matheus Nachtergaele ficou encantado com seu personagem, o coveiro Pazinho. “A vida dele tem uma espera. Toda vez que vim aqui, estava vazio. Só dois, três coveiros. E quando chega é alguém que morreu”, reflete. Por outro lado, é casado com o travesti Vanessa (Tânia Moreno), é amigo do poeta, participa de farras. Ele vive nos opostos entre a luz da noite e a sombra do dia. “É um casal inusitado. Ele é um coveiro, a princípio não seria um cara aberto. Acho isso um lance bonito do roteiro”, defende. “O Claudão sempre tem uma visão muito especial e corajosa do que é a realidade brasileira. Não é uma obrigação. A gente está aqui porque a gente quer”, garante Matheus, que participou dos outros dois longas de Cláudio, Amarelo Manga e Baixio das bestas.

Filmagem de Febre do Rato vira caso de polícia
Os atores estavam nus e acabaram assustando as pessoas em pleno feriado.Tudo corria muito bem no set do filme Febre do Rato no fim da manhã desta terça (7), na rua da Aurora, no tradicional bairro da Boa Vista, no Recife (PE). O diretor Cláudio Assis filmava seus atores. O detalhe é que dois deles estavam nus e, como era feriado nacional, o tumulto começou e a polícia foi chamada.
A produção do filme não avisou à Polícia Militar sobre as gravações, muito menos sobre o conteúdo "impróprio". Portanto, quem passava pelo local se assustou, o que fez com que alguém chamasse a PM. Não houve nenhuma detenção. A situação foi resolvida e os policiais logo perceberam que se tratava de uma intervenção artística.
Coincidentemente, momentos antes a polícia havia sido chamada para outra cena: no desfile militar do 7 de Setembro, um dos atores do filme se prostrou diante de um tanque do Exército.
 
_______________________

Um Desafio de Cinema

Todas as vezes que assistimos a um filme, mesmo que seja num momento de entretenimento e lazer, vamos nos deparar com histórias que retratam situações desafiadoras, dramas a serem vencidos e lições a serem aprendidas.
O cinema, desde sua criação, vem retratando realidades a serem vivenciadas, mesmo quando o filme se trata de uma ficção, ou seja, algo que não é “tão real”. Raramente, assistiremos a um filme que em seu conteúdo não venhamos identificar lições e indagações para a nossa própria vida.
São dramas familiares, dramas entre amigos, situações que relatam a busca pela identidade e pela felicidade, dificuldades diversas e as indecisões nas escolhas e atitudes que devem ser tomadas para se chegar ao final feliz. Na verdade, em todo filme essa é a grande questão: chegar a um final feliz.
Olhando a nossa vida e fazendo uma breve reflexão, podemos por muitas vezes nos enxergar no filme que assistimos, podemos nos ver vivendo as situações no lugar das personagens, bem como nos colocar no lugar deles, passando a refletir qual seria nossa atitude se estivéssemos passando por determinada situação, drama ou desafio.
Por outras vezes, as personagens e seus dramas desafiadores são tão reais e vivos que chegam a parecer conosco e com nossa vida e, a partir de suas histórias, encontramos respostas, conforto e muitas vezes soluções para nossa própria história. Assim como nos filmes, nós lutamos por um final feliz, ainda que a vida seja feita de muitos finais e recomeços.
Enquanto educador, todos os dias me deparo nas salas de aula com histórias dignas de cinema. Na verdade, todo professor ou profissional na área da educação poderia escrever um verdadeiro roteiro cinematográfico, uma vez que todos os dias vivenciamos um desafio de cinema.
Ao entrar pelos portões de uma escola, encontramos ali crianças que são vítimas de sua própria existência. Alunos que são vítimas do descaso social, da violência, vítimas até mesmo de suas próprias famílias, são crianças que crescem todos os dias assistindo de olhos bem abertos todo o caos estabelecido numa sociedade que a cada dia perde os valores do amor, da família e da educação. Crianças que ainda tão novas já perderam sua inocência e que têm sua identidade violada.
Em sala de aula, eu já vivenciei histórias de diversos gêneros, fui espectador de histórias que são verdadeiras comédias, as crianças enchem nossos olhos de alegria e nos surpreendem com sua espontaneidade, criando situações que nos arrancam risos.
Crianças são surpreendentes como os filmes, são seres inspiradores e envolventes. Eu gostaria de poder escrever que eu nunca vi numa sala de aula um drama ou um terror, mas, infelizmente, mesmo eles sendo tão novos já têm em suas vidas cargas suficientes pra um filme de drama e, muitas vezes, até mesmo de terror.
E chegamos ao ponto comum de um filme: como chegar ao final feliz? Seria isso possível? Ou um final feliz só acontece em histórias de cinema? Como alguém, enquanto educador, pode contribuir para que a vida dos seus alunos siga um caminho até um final que faça com que a plateia aplauda em pé? Como colaborar com o “roteiro” da vida desses alunos? O que pode fazer um educador para “dirigir” a vida desses pequenos “protagonistas” a um final feliz, digno de filmes de cinema? Como fazer da vida do nosso aluno um espetáculo?
O filme “Escritores da Liberdade” (Freedom Writers - EUA/Alemanha 2007) conta a história real da professora Erin Gruwell, uma fantástica e inspiradora história de vida que nos mostra como as palavras podem libertar as pessoas e de como a educação, a cultura, o incentivo, a dedicação e o conhecimento são bases para que um mundo melhor aconteça e de fato se estabeleça.
A Professora Erin Gruwell teve que travar grandes batalhas em favor de seus alunos, desafiou o sistema, lutou contra o preconceito e, quando todas as pessoas olhavam para seus alunos como jovens sem futuro, ela remou contra a correnteza e se desafiou a cumprir seu papel e dar aos seus alunos a felicidade de uma vida bem-sucedida. Da experiência em sala de aula, surgiu o livro que mais tarde transformou-se no filme e muito mais do que isso, hoje “Escritores da Liberdade” é uma fundação que auxilia diversos projetos educacionais, tudo baseado no processo vivido pela professora.
Talvez assistindo a esse filme venhamos a enxergar algumas respostas, não só para nós, enquanto educadores, mas também enquanto seres humanos, enquanto pais, enquanto filhos, enquanto amigos.Podemos tomar como lição de vida a força que a professora tem ao lutar por aquilo que acredita, paciência e compreensão para enfrentar as dificuldades e diferenças, o empenho em se doar por inteira para que seus alunos pudessem sentir, de alguma forma, que ela acreditava neles e desejava oferecer a eles um ensino de qualidade. 
Ser educador é um desafio de cinema, uma verdadeira história cheia de emoções, comédia, dramas, terror, aventura e, acima de tudo, muita ação, aliás, é exatamente esse o gênero que deveria ser o carro-chefe da vida de um educador: a ação. Nós só vamos assistir a um final feliz se houver ação. É o tempo de o educador agir, uma resposta não responderá todos os nossos questionamentos, mas uma atitude com certeza trará efeito em todos os nossos desafios.
Se existe alguém que pode fazer a diferença na vida das nossas crianças, somos nós educadores. Podemos corrigir os roteiros, “deletar” as cenas que estragaram com suas vidas e refazê-las, podemos trocar a trilha sonora e melhorar a edição, levar conhecimento, incentivo, força, alegria e motivação para que nosso aluno alcance seu final feliz.
E, tal como foi sua vida cheia de emoções, assim será seu final feliz. A vida de todo educador é um desafio de cinema, mas a vantagem é que de nós serão produzidos muitos finais felizes. Cada um dos que passarem pela nossa sala de aula poderá ser uma obra de arte se nós fizermos a nossa parte, que é fazer mais do que somente o que nos cabe. Assim, aplaudiremos em pé muitos finais felizes, inclusive o de nossa própria vida.
By Júnior Silveira  

___________________________________

Nosferatu

Nosferatu é um filme clássico do expressionismo alemão. Produzido em 1922, suas imagens de horror ainda conseguem nos surpreender. Foi baseado em Drácula, de Bram Stoker (1897). O diretor F. W. Murnau não conseguindo os direitos autorais com a viúva de Stoker, acabou produzindo uma versão independente, cuja narrativa preserva o enredo original de Stoker (uma das versões de Nosferatu apresenta o nome de cada personagem com seu equivalente no romance de Stoker).
Ao invés de Conde Drácula, Nosferatu é Conde Orlok, uma das mais fiéis representações filmicas do vampiro. Alto, esguio, esquálido, com orelhas, nariz e dentes pontiagudos, Murnau consegue representar com sucesso a figura do personagem macabro de Stoker. Na verdade, o horror se transfigura em Nosferatu. É a própria representação (e expressão imagética) do Mal e do estranhamento sugerido pela figura mítica do vampiro. O conteúdo do Mal se exprime com vigor na forma de apresentação do personagem. De fato, nunca o cinema de horror conseguiu expressar com tanta fidelidade a dimensão macabra da lenda do vampiro como em Nosferatu, de F.W. Murnau.

O Conde Orlock, é, em si, uma figura estranha e aterrorizante. Como salientamos acima, sua imagem expressa o próprio conteúdo do seu ser maligno. Não existe em Nosferatu a dissimulação/ocultação da natureza maligna do vampiro. O horror se expressa em-si e para-si. O mal está entre nós e assim se apresenta em corpo, espírito e verdade. De certo modo, o vampiro de Murnau conseguiu ser a síntese estética do Horror que iria se abater sobre a civilização do Capital na década seguinte - nos anos de 1930 ocorreria a a ascensão do nazi-fascismo na Alemanha, pre-anunciando o horror da II Guerra Mundial. É o que Arendt considerou a “banalização do Mal”. Nosferatu poderia ser considerado a própria expressão da “banalização do Mal”. Como Mr. Hyde, o personagem de Robert Louis Stevenson em O Médico e o Monstro (de 1886), Nosferatu consegue ser a expressão em imagem da essência do Mal. Como diz a abertura do filme, “Nosferatu é a palavra que se parece com o som do pássaro da morte da meia-noite”.

Nosferatu vive nas sombras e na escuridão. É um ser noturno, de um mundo das trevas, perdido no passado de uma terra distante (a Transilvânia). A própria narrativa de Nosferatu destaca que o vampiro é uma criatura da noite. É na escuridão que está o horror do vampiro.

Conde Orlock é um rico proprietário na Transilvania que busca expandir suas propriedades para Wisborg. Para isso, contacta (e o incorpora como agente espiritual), Knock. É curioso que Orlock utilize símbolos e anagramas em suas cartas com Knock. Possui talvez uma linguagem própria. É Hutter que viaja até a Transilvania para vender a Orlock a propriedade em Wisborg. É convencido por Knock, que afirma: “Você pode ganhar muito dinheiro”. Provavelmente recém-casado, Hutter busca acumular fortuna através da atividade de corretagem imobiliária. Seu personagem é a representação do homem moderno, ansioso em acumular dinheiro e incrédulo (e caçoador) diante da Tradição – como iremos ver suas atitudes diante dos aldeões locais, hospitaleiros mas aterrorizados pelas criaturas da noite. É por isso que irá encontrar-se com Orlock na Transilvania, o “país dos ladrões e dos fantasmas”.

Em Nosferatu de Murnau, o personagem que representa o poder da Ciência é o Prof. Bullwer, que aparece explicando para seus alunos os mistérios da natureza. Fala dos pólipos com tentáculos “quase sem corpo” e das plantas carnívoras. É como se Nosferatu fosse mais um mistério da natureza, com sua sede por sangue e vida. Pressentindo que seria atacada pelo vampiro, Ellen implora a Hutter que chame o Prof. Bullwer, cientista capaz de encontrar uma solução para os mistérios e encantos de Nosferatu. Mas, naquela noite, em sua primeira investida contra Ellen, Nosferatu chega tarde: ouve o galo da manhã e é atingido pelos primeiros raios do sol. Em sua cela, Knock lamenta: “O mestre está morto”. Após o desaparecimento de Nosferatu, a mortandade em Wiborg acabou. O que demonstra que a verdadeira peste que atingiu a cidade alemã tinha um nome – Nosferatu.
--------------------------------------------------------

Cinema no Mundo 



Muitas pessoas amam cinema, prova disso são as salas de cinema lotadas, grandes investimentos em produções, enfim uma verdadeira paixão mundial. Mas muitos que admiram a sétima arte pouco ou nada sabem de sua história, não conhecem de onde veio, quem o inventou...
A seguir um breve relato da origem do cinema no mundo...
Desde os tempos primórdios, o homem sempre teve o desejo de reproduzir o movimento. A prova disso são os desenhos encontrados em cavernas na Europa, o teatro de sombras desenvolvido por chineses, a lanterna mágica do alemão Athanasius Kircher. Na França inventou-se a fotografia.
Embora seja a França reivindique para si a descoberta do cinema, com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière, não se pode dizer que esta invenção aconteceu isoladamente. Um grande exemplo disso é o inventor Thomas Alva Edison auxiliado pelo escocês William Kennedy Dickson, desenvolveu o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio. O cinematógrafo nasceu na França, mais precisamente na época dos pintores impressionistas. Os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses, conseguiram projetar imagens ampliadas numa tela graças ao cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película.
Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o público viu, pela primeira vez, filmes como La Sortie des ouvriers de l'usine Lumière (A saída dos operários da fábrica Lumière) e L'Arrivée d'un train en gare (Chegada de um trem à estação), breves testemunhos da vida cotidiana.
Os filmes dos irmãos Lumière eram de curta duração (um minuto) e não contavam uma história, apenas registravam cenas da vida cotidiana (documentais): a chegada de um trem na estação, a saída de operários da fábrica, a queda de um muro, um bebê sendo alimentado, etc. Mas os irmãos Lumière não se deram conta do grande feito, eles consideravam o cinematógrafo apenas "uma invenção sem futuro". Graças ao espírito empreendedor do francês Georges Méliès isso não parou por aí, ele comprou um cinematógrafo, a máquina de filmar. Como era mágico e diretor de teatro, por isso conseguiu dar uma expressão dramática a seus filmes usando atores, cenários e figurinos. Seu filme Viagem à Lua, de 1902, inspirado nos romances de Julio Verne e com duração de 13 minutos é considerado a primeira ficção científica do cinema.
A linguagem cinematográfica foi inovada pelo americano David Ward Griffith, pois ele inseriu em suas produções elementos como o flash back, os grandes planos e as ações paralelas. Até então os filmes eram todos curtos ele dirigiu O Nascimento da Nação (1915), com mais de duas horas de duração. Griffith tinha a preocupação de em dar uma forma nova à narrativa, isto é, à maneira cinematográfica de contar história por isso em suas produções eram recheados de enormes primeiros planos close, não somente de rostos, mas de mãos e objetos.
Pode-se afirmar que se Edwin Porter descobriu o tempo, Griffith colaborou para modificar o espaço. Ao lado de Griffith é preciso destacar Thomas H. Ince, outro grande inovador estético e diretor de filmes de faroeste que já continham todos os tópicos do gênero num estilo épico e dramático.
Nessa época, o filme era mudo, existia a necessidade de se colocar um pianista no palco para tocar, com o intuito de dar mais emoção às cenas. O gênio do cinema mudo foi o inglês Charles Chaplin, que criou o inolvidável personagem de Carlitos, mescla de humor, poesia, ternura e crítica social.
O cinema falado estreou em 1927, tal fato causou grandes modificações na linguagem do cinema, mas trouxe consigo alguns problemas: disfarçar o ruído do motor da câmera, afastar alguns atores cujas vozes eram muito finas causando riso no público, etc.
Outra característica notável no início do cinema é que só se filmava à luz do dia. Depois descobriram recursos do claro e escuro com a luz artificial.
Com o surgimento da Primeira Guerra Mundial, a Europa passa a produzir cada vez menos filmes, fazendo com que a produção cinematográfica se concentrasse nos Estados Unidos, mais precisamente em Hollywood.

Cinema no Brasil
Ao contrário do que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, o cinema brasileiro demorou para se desenvolver no século XX. Somente na década de 1930 que surgiram as primeiras empresas cinematográficas, produtoras de filmes do gênero chanchada.
O grande salto de desenvolvimento do cinema nacional ocorreu somente na década de 1960. Com o conhecido “Cinema Novo”, vários filmes ganharam destaque nos cenários nacional e internacional. Podemos dizer que o marco inicial desta época de prosperidade cinematográfica nacional foi o lançamento do filme “O Pagador de Promessas”, escrito e dirigido por Anselmo Duarte. Foi o primeiro filme nacional a ser premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes.
Com o lema “ uma câmara na mão e uma idéia na cabeça”, outros diretos impulsionam o Cinema Novo. Os filmes deste período começam a retratar a vida real, mostrando a pobreza, a miséria e os problemas sociais, dentro de uma perspectiva crítica, contestadora e cultural. Neste contexto, aparecerem filmes como “ Deus e o diabo na terra do Sol” e “Terra em transe”, ambos do diretor Glauber Rocha. Outro cineasta que também merece destaque neste período é Carlos Diegues, autor de Ganga Zumba.
As décadas de 1970 e 1980 representam um período de crise para o cinema nacional. A crítica e os grandes problemas nacionais saem de cena para dar espaço para filmes de consumo fácil, com temáticas simples e de caráter sexual, muitas vezes de mau gosto. É a época da pornochanchada. A qualidade é deixada de lado, e os cineastas, muitos deles sem representatividade no cenário nacional, começam a produzir em larga escala.
Mesmo neste período, alguns cineastas resistem a onda e procuram produzir filmes inteligentes e bem elaborados. Podemos destacar os seguintes filmes neste contexto: “Aleluia Gretchen” de Sílvio Back; “Vai trabalhar vagabundo” de Hugo Carvana e “Dona Flor e seus dois maridos” de Bruno Barreto.
A década de 1990 é marcada pela diversidade de temas e enfoques. O filme passa ser um produto rentável e a "indústria cinematográfica" ganha impulso em busca de grandes bilheterias e altos lucros. Neste sentido, as produções brasileiras procuram atender públicos diversos. Comédias, dramas, política e filmes de caráter policial são produzidos em território nacional. Com políticas de incentivo e empresas patrocinadoras, o Brasil começa a produzir filmes que mobilizam grande número de espectadores.

 O Cinema Novo
O movimento “Cinema Novo” surge entre o final da década de 50, início dos anos 60, emergindo sobre propostas de se fazer filmes “de arte”, voltados a uma produção cinematográfica contraria aos padrões comercias de temática e estética que procurava considerar e valorizar os aspectos de abordagens do nacional e do social. O cinema novo não se preocupava apenas em retratar a realidade nacional, social e política, mas também se ocupava com a questão da criação cultural artística, e a independência dos padrões determinados pelo colonialismo americano. Marcado pela dependência cultural das “linguagens” importadas da cultura americana, posicionamento que se fortificava enquanto movimento político-cultural (como instrumento articulador e ao mesmo tempo conscientizador frente à alienação), mas que se fragiliza no final da década devido ao apoio e interesses do governo norte americano ao golpe militar de 1964 no Brasil.
É importante destacar que o cinema novo passa a se manifestar não apenas enquanto “arte como instrumento político”, mas sendo a própria prática política, diferenciação fundamental, pois será através dela que o movimento se aproxima da “política de autores” definida por André Bazin e a Nouvelle Vague. E um dos pontos não só de influencias, como de referências no que diz respeito às buscas estéticas e sócias, foi também ao Neo-realismo italiano.
A estética presente no cinema novo não se baseia mais no ilusionismo que se encontrava no discurso do realismo socialista (influentes do teatro brechtiano), mas na captação do real sem preocupação analítica com elementos do discurso, como premissas e absorção de estruturas de espaço e tempo.
As propostas do cinema novo focalizavam temas como: o homem simples do povo, o sertanejo, a exploração do latifundiário, a necessidade de se afirmar a cultura popular e nacional contra o imperialismo norte – americano. Tomando como direção para o foco a preocupação atenta sobre a já citada condição social e política do Brasil, para elaboração e experimentação de uma nacional que ressaltava também os aspectos naturais presente na realidade do cenário brasileiro, tanto do sertão quanto ao urbano. Delineando o lema do movimento: “estética da fome” acompanhada de “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”, que passa a fazer a cara do cinema novo, definido por Glauber Rocha, um dos precursores que rompem brutalmente com toda uma tradição cinematográfica.
De modo que toda esta efervescência que dá origem ao movimento “cinema novo” inicia se com um grupo de jovens cineastas como Leon Hirszman, Marcos Faria, Miguel Borges, (Cacá) Carlos Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Rui Guerra, Linduarte Noronha e Glauber Rocha. Apoiados e influenciados pó cineastas já experientes como Nelson Pereira dos Santos. E este jovem grupo de intelectuais burgueses de esquerda, frente à realidade política durante o inicio da década de 60 apresentam um projeto experimental, que gera o fruto inicial para a atividade que envolve a partir de posturas insatisfeitas de revoltas, este jovem grupo em suas produções autorais.
E o porta de entrada de origem ao movimento cinema novista se deu pelo conjunto de cinco filmes de curta metragem, intitulado: “Cinco vezes favela”, produzido pelo CPC (Centro Popular de Cultura- da União dos Estudantes), no Rio de Janeiro em 1961/62.

Cinco vezes favela:
Um favelado – Marcos Farias
Escola de samba alegria de viver – Carlos Diegues
Zé da cachorra – Miguel Borges
Couro de gato – Joaquim Pedro de Andrade
Pedreira de São Diogo – Leon Hirszman

Débora Priscila de Oliveira (integrante do Núcleo Audiovisual de Votorantim, período da tarde)

O Festival de Cinema de Gramado foi criado a partir de uma Mostra de Cinema, realizada em 1969, durante a Festa das Hortênsias, com força total da turma organizadora desse evento.
A verdade é que havia a necessidade de celebridades, convidaram então Geraldo Del Rey, e o "casal doçura" da televisão, os então casados Eva Wilma e John Herbert. Gramado ganhava então celebridades cinematográficas e televisivas, uma sempre importante atração dos festivais.
Em 1971, ainda durante a Festa das Hortênsias, foi realizada a 2° Mostra de Cinema e naquele ano a celebridade foi Jece Valadão. O Cinema Embaixador era pequeno e sem nenhum conforto, mas ninguém ligava para isso. O sucesso provou que poderia existir um grande festival no Rio Grande do Sul que se transformaria no maior do Brasil, o mais conhecido internacionalmente.
Em 1973, no mês de janeiro aconteceu o 1° Festival de Cinema de Gramado. O Festival desde o primeiro evento sempre foi o grande incentivador do Cinema Brasileiro.
Em 1992, frente às dificuldades da indústria cinematográfica brasileira, o Festival passou a dialogar com os vizinhos hispanoamericanos. Falar espanhol. E porque não? Italiano e francês e o Festival tornou-se latino. O Festival passou a chamar-se Festival de Gramado – Cinema Iberoamericano e retornando ao seu nome original em 2007, porém seguindo com Mostras Competitivas de Cinema Brasileiro e estrangeiro, já que é permitida a participação de filmes que não somente de países Latinos.
Reunindo um grande número de filmes e de pessoas que querem falar de cinema, criação, sonhos e possibilidades de fazer sempre mais e com qualidade, o Festival é hoje um espaço indispensável para a divulgação, discussão