Tela Aberta


Em conversas en nossas aulas surgiu o projeto Tela Aberta que consiste em apresentar os resultados das nossas pesquisas cinematográficas com a projeção de um filme na íntegra do cineasta pesquisado. O interessante desse projeto é que essas projeções serão também abertas para público e convidados, proporcionando a população o acesso a filmes de grandes cineastas que não se encontram facilmente
Mais do que simplesmente exibir filmes, o projeto funciona como um marco, o momento em que os integrantes apresentam a sua extensa pesquisa que fizeram, e também como ponto de encontro para discutir a sétima arte.
 A seguir os resumos das apresentações do Tela Aberta
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Andrei Tarkovsky
Mês de junho chegou e com ele a 2ª edição do Tela Aberta.
O cineasta escolhido por Ângela, Fernanda e Laís foi o russo Andrei Tarkovski.
 Leia o resumo das pesquisas realizadas a respeito de Tarkovski..

Nascido em Moscou, filho do célebre poeta Arseni Tarkovski, Andrei estudou música, pintura e a língua árabe na infância e juventude.
Trabalhou em prospecção geológica na Sibéria e só aos 24 anos começou a se interessar por cinema. Aprendeu o novo ofício com Mikhail Romm (Lenin em Outubro) na Escola de Cinema de Moscou, onde realizou o curta Hoje Não Haverá Saída Livre (1959) e o média de conclusão do curso, O Trator e o Violino (1960).
Quando instado a explicar o sentido de seus filmes, Andrei Tarkovski (1932-1986) respondia com a seguinte metáfora: "Você olha um relógio. Ele funciona, mostra as horas. Você tenta compreender como ele funciona e o desmonta. Ele não anda mais. E, no entanto, essa é a única maneira de compreender..." Tarkovski passou a vida montando e desmontando "relógios" na tentativa de compreender o funcionamento da vida e do espírito dos homens.
E há outras qualidades únicas, que fazem Tarkovsky se destacam não só como diretor, mas como um ser humano: sua insistência de que a consciência é "a coisa mais importante", e sua tentativa de fazer outros cineastas conscientes do "O fato de que a mais convincente das artes exige uma responsabilidade especial por parte daqueles que nele trabalham: os métodos pelos quais o cinema afeta as audiências podem ser usados ​​com muito mais facilidade e rapidez para a sua decomposição moral, à destruição de seu lado espiritual defesas, que a meio da idade, formas de arte mais tradicional.
Com o épico introspectivo A Infância de Ivan (1962), Tarkovski fomentou a nouvelle vague soviética dos anos 60. Diante daquela história de guerra vista pelo menino como o inferno na terra, Jean-Paul Sartre a defendeu como peça de "surrealismo socialista". Em seguida veio Andrei Rublev (1966), para muitos sua obra-prima. A biografia poética do pintor de ícones medieval enfatizava a visão do artista não como uma elite, mas como um operário, um artesão gerado pela energia criativa do povo.
A esta altura, Tarkovski já vivia uma situação contraditória na indústria estatal do cinema. Os estúdios Mosfilm concediam-lhe vastos recursos de produção para depois dificultar ao máximo a circulação de seus filmes. Andrei Rublev ficou proibido durante cinco anos por "falta de rigor histórico". A burocracia o acusava de misticismo, violência e irrealismo. A crítica e os festivais internacionais, no entanto, o cultuavam como a um novo Dostoievski. Solaris (1972), cruzamento de ficção científica com ensaio filosófico, consolidou sua reputação dialogando com o 2001 de Kubrick e sugerindo que cada um de nós é responsável por assumir seu passado perante a coletividade.
Era tempo de Tarkovski voltar-se para o seu próprio passado e o de sua mãe em O Espelho (1974), uma complexa odisséia da memória. Em 1979, ao realizar o sublime Stalker, o cineasta confirmava-se independente dentro do mastodôntico cinema soviético: nem um dissidente padrão, nem um servil cumpridor de cânones.
Nostalgia (1983) e O Sacrifício (1986) serão obras do exílio. No mesmo ano em que as autoridades o impedem de ir à França apresentar Stalker, permitem-no viajar à Itália para filmar Nostalgia, canto de amor à pátria escrito com Tonino Guerra. A busca de locações renderia o semidocumentário Tempo de Viagem. As filmagens suecas de O Sacrifício, já marcadas pelo sofrimento do diretor com o câncer que lhe mataria logo depois, foram registradas no belíssimo documentário Dirigido por Tarkovski, de Michal Leszczylowski.
Nove filmes em 26 anos de carreira parece pouco aos olhos da estatística. Mas a escala grandiosa da obra de Andrei Tarkovski não se mede por números. Em Esculpir o Tempo, seu livro de reflexões sobre arte e cinema, ele comparou o trabalho do diretor ao de um escultor que, "guiado pela visão interior de sua futura obra, elimina tudo o que não faz parte dela". O seu cinema tem essa qualidade essencial das obras perfeitas: o que não está ali é excesso.

Esculpir o Tempo
Escrito por Andrei Tarkovski (1932-1986) em pessoa, o livro narra suas considerações sobre seus filmes, sua vida e a relação entre ambos. A importância que o cinema teve em sua vida, a sua abordagem poética de seus filmes, a metafísica, a fé, a condição do homem em sua jornada espiritual através dos tempos, a relação entre a estética e a exploração dos conflitos que abalam o nosso universo interior... são todos temas que Tarkovski discute, com admirável sensibilidade, nesta obra.Entre os conceitos trabalhados no livro, um se destaca por ser imprescindível para compreender o jeito que o autor-diretor lida com a direção de seus filmes (inclusive é o motivo do título do livro): esculpir o tempo.Para Tarkovski, a experiência de se assistir a um filme deve ser similar a uma experiência de vida. Portanto, ele não só aborda questionamentos espirituais, dúvidas existenciais, e temas filosóficos, como o faz de forma a envolver o espectador em uma "cápsula sensorial" paralela à sua vida. Isto é, faz a com que o espectador viva a experiência, ao invés de simplesmente contar sobre alguém que a viveu. Para isso ele utiliza vários recursos: cenas longas e sem cortes, trilha sonora quase ausente (substituídas por sons que se encontram na natureza), pouco diálogo entre os personagens, enquadramentos artísticos, movimentação lenta da câmera, iluminação estilizada (porém natural), entre outros.Estes recursos, quando postos a funcionar num conjunto, proporcionam ao filme uma autenticidade e um caráter humano que colocam o espectador em um estado contemplativo. Este fica absorto no mundo que se cria em sua frente, como se sentisse o tempo passando dentro do filme, e como se o mesmo não fizesse parte do mundo real, pois constiui em si um mundo auto-suficiente (mas não necessariamente confortador). Esta idéia permeia o livro todo e é exemplificada por histórias sobre as filmagens de seus filmes, seus conhecimentos sobre diversos artistas russos (inclusive seu pai, o poeta Arseni Tarkovski) e narração de experiências pessoais.

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Lars von Trier 

No mês de maio os alunos Hércules e Henrique apresentaram as pesquisas a respeito do cineasta dinamarquês Lars Von Trier
Abaixo, segue o resumo da pesquisa apresentada na 1ª edição do Tela Aberta

Lars von Trier nasceu em 1956, na cidade de Copenhague na Dinamarca, em uma família de intelectuais em que, segundo ele, apenas a religião e as emoções eram proibidas. Viveu uma infância nada convencional, no qual sua mãe permitia que ele se expressasse com livre arbítrio em todas as decisões que lhe aparecessem, decidindo até mesmo se queria ir ao colégio, ou fazer seus deveres. Trier afirma que essa característica de criação sempre lhe pareceu bastante vantajosa, entretanto, lhe trouxe uma eterna sensação de ansiedade e necessidade de controlar tudo o que ocorre a sua volta.
Com aproximadamente 10 anos de idade, Trier começou a se interessar pelo cinema ao ter contato com uma câmera super 8mm que sua mãe possuía. Nela, criou inúmeras curtas amadores onde retratava o mundo a sua volta, experimentando e inventando suas próprias técnicas.
Nos anos 70, dentro de um grupo de diretores de cinema amadores, Trier elaborou dois curtas independentes: “The Orchid Gardener” e “Menthe - la bienheureuse”. Porém, foi anos mais tarde, com sua entrada na Escola Dinamarquesa de Cinema, que o diretor pode de fato explorar tudo o que o cinema da época oferecia. Quanto a esse período, Trier afirma que não aceitava com facilidade as regras e convenções que lhe eram impostas, entrando em atrito constantemente com a maioria de seus professores.
Os principais produtos lançados por Trier nesse período foram os filmes de curta metragem “Nocturne” (1980) e “Liberation Pictures” (1982) que, de acordo com ele (2005, p.36) são exemplos das experimentações técnicas que ele buscava na época.
Após concluir o curso de cinema, Trier lançou seu primeiro filme de longa metragem, “Elemento do Crime” (1984), no qual deixou claro que ainda mantinha grande atenção às questões técnicas. Em 1987, Trier lançou o filme “Epidemia” onde, com uma produção mais modesta, mas não menos provocativa, apresentou um roteiro metalingüístico. O filme “Epidemia” não alcançou o reconhecimento de seu antecessor, entretanto, em 1991, Trier voltou a chamar a atenção de Cannes com o longa-metragem “Europa”. No filme, que se passa na Alemanha Pós Segunda Guerra Mundial, uma trama de suspense e romance se desenrola em meio à produção técnica que o próprio Trier definiu como o ápice de sua obsessão por controle da imagem
Os primeiros filmes da carreira de Trier vinham apresentando uma composição visual complexa, carregada de simbologias e elementos que os classificavam, muitas vezes, como produtos demasiadamente calculados e frios.
Em 1994, Trier dirigiu para a televisão dinamarquesa a minissérie de terror e humor negro “O Reino”, que já indicava grandes mudanças nas suas técnicas de filmagem. Ela mostrava o dia-a-dia de um hospital onde inúmeros fenômenos paranormais e assombrações aparecem e, Trier, a retratou através de uma imagem granulada e escura, dando o clima e o destaque aos personagens e suas tramas bizarras. Grande parte das seqüências eram gravadas com a câmera de mão, os cortes da montagem eram secos e a iluminação original mantida.
Diante da feliz premissa lançada durante as gravações de “O Reino”, surge em 1995 o “Dogma 95”, movimento que Trier e seu colega Thomas Vinterberg criaram, e que, nada mais é do que uma formalização de parte das regras que o diretor estava se propondo em um manifesto. Trier passa então de um cinema excessivamente técnico para um cinema quase “despido”, purista, e seu exercício passa a ser extrair dessa fórmula a emoção que ele afirma priorizar (2006, p.179).
“Há mais do que apenas um toque de masoquismo nessa forma de fazer filmes. A tortura ao qual eles se expõem deve ser vista como uma forma de forçar resultados que quebrem os padrões. Os artistas do Dogma se punem das formas mais difíceis, na expectativa de que isso os levará a libertação artística. Enquanto a maioria se adapta ao convencional, e trabalha de acordo com regras já estabelecidas, von Trier força si mesmo a experimentar novas formas de trabalho.”
Nessa época, Trier mostra que, assim como ocorreu em sua série “O Reino”, com a apresentação da trama através de imagens que não são transparentes aos espectadores, se ressalta a história e os personagens que, em seu caso, são quase tão despidos quanto a imagem que os apresenta.
Em 1996, Trier trouxe às telas o drama romântico “Ondas do Destino” e, contrariando as expectativas, adotou durante as gravações apenas algumas características das leis do manifesto recém lançado. A câmera de mão foi utilizada em quase todas as cenas, e a iluminação se apresentava quase sempre natural. O filme “Ondas do Destino” foi o primeiro da trilogia “Coração de Ouro” a ser lançado, e se baseava em um conto de fadas dinamarquês de mesmo nome que fez parte da infância de Trier. No conto, uma menina se sacrifica para ajudar os outros acima de tudo, sem pensar em si própria.
A partir daí, a câmera de mão que estava sendo utilizada até aquele momento devido a seu aspecto simplista, passa a ser adotada em quase todas as próximas obras do diretor. Trier afirmou que o resultado das gravações se tornou mais gratificante, lhe oferecendo maior liberdade de criação no set, e um melhor relacionamento com os atores. Ele passou a requisitar que os mesmos extraíssem o máximo de suas emoções e, com a câmera, permaneceu sempre atento para captar cada momento interessante.
Em 1998, o diretor lançou o filme “Os Idiotas”, segundo filme da trilogia “Coração de Ouro”, e seu primeiro fiel ao Manifesto Dogma 95. Com um roteiro provocante, Trier mais uma vez estarreceu o público e a crítica mostrando que sua proposta dentro dos mandamentos poderia, de fato, resultar em uma história interessante e coesa.
 “Dançando no Escuro”, o último filme de sua trilogia “Coração de Ouro”, foi lançado em 2000 e, contrariando novamente as expectativas dos críticos, não seguia aos rígidos mandamentos do Dogma 95. O filme contava um musical dramático e, Trier, afirmando que cada um de seus trabalhos pede sua própria estética, nesse caso chegou a usar até 100 câmeras fixas simultaneamente para captar variados ângulos das cenas cantadas.
Esse filme foi considerado por muitos; um dos mais dramáticos já feitos, pois com sua proposta de closes, personagens carismáticos e regras de dinâmica claramente estabelecidas, Trier acabou levando novamente o público a se envolver de uma maneira muito profunda com a trama.
Em 2003, Trier, que se disse tentado pelos críticos lançou mais um filme cujo roteiro se passa nos EUA: “Dogville”. Novamente se propondo novas regras, o diretor criou o conceito que chamou de “filme fusão”, onde uniu elementos da linguagem da literatura, do cinema e do teatro. “Dogville”, primeiro filme da trilogia “EUA - Terra das oportunidades”, conta uma história dramática sobre vingança, em que o diretor discute friamente aspectos da formação das sociedades, suas relações e mazelas. Cada vez mais caricatos, seus personagens são expostos ao público de forma íntima, criando um vínculo com o mesmo que, se hipnotiza pelo jogo de quebra de paradoxos técnicos e morais, e desaba geralmente em uma sensação subversiva.
O último filme da trilogia, com o nome previsto como “Wasington”, ainda não foi lançado e, segundo Trier, só será feito no momento em que ele estiver interessado em gravá-lo. Isso porque o diretor, que diz ter passado sempre por problemas emocionais, tem reduzido sua carga de trabalho devido a uma crise de depressão.
Enquanto isso, o público pode acompanhar seu trabalho em projetos menores, sem nunca saber ao certo o que poderá aparecer em seu próximo lançamento.


Olha só o que o povo do NAV do período da tarde anda fazendo por aí
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Nossa primeira artista é a Melina
 
Apaixonada por fotografia veja como tudo aconteceu:
"Meu primeiro contato com a fotografia foi aos 10 ou 11 anos quando minha mãe tinha um comércio, para ser mais específica um bazar e nós trabalhávamos com uma variedade de coisas sendo uma delas a venda de filmes fotográficos e revelações dos mesmos,  na época ainda as câmeras digitais eram desconhecidas.
Desde esse momento eu já me encantava por este mundo inexplorado, e infelizmente o fotografo ainda não era visto como profissão, então por mais interesse e desejo pelo mundo artístico o apoio familiar e o incentivo na minha vida não existia para este segmento. 
Fotografava com câmeras simples sem nenhum interesse profissional. Foi no fim de 2008 para começo 2009 que eu vi que não adiantava mais, o desejo por comunicação visual, por fotografia pela arte já estava me dominando, percebi que o queria ser, o que eu amava incondicionalmente, e do que eu queria viver, independe de que se isso me traria lucro ou estabilidade profissional. Ainda hoje não procuro nem me preocupo, por isso, quero simplesmente fotografar a emoção que uma pessoa, um objeto, uma paisagem transmite naquele minuto fotografado, a fotografia revela-me a essência da vida, e para mim este é o verdadeiro valor e as conseqüências virão a partir daí."

Confira alguns de seus trabalhos:
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