“Foi  devido às falhas de voz de mamãe que, na idade de cinco anos, apareci  pela primeira vez num palco. A peça era ‘A Cantina’, apresentada no  Aldershot, um teatrinho poeira frequentado principalmente por soldados.  Lembro-me de que estava de pé nos bastidores, quando a voz de mamãe  falhou, reduzindo-se a um mero sussurro. O público começou a rir, a  cantar em falsete e a miar como gato. O barulho aumentou tanto, que ela  se viu obrigada a sair de cena. Chegou aos bastidores agitadíssima,  pôs-se a discutir com o empresário e o homem, que me vira representar  para os amigos de mamãe, sugeriu que eu me pusesse em cena no lugar  dela. No meio da cançoneta, uma chuva de moedas desabou sobre o palco.  Imediatamente parei e disse que primeiro iria apanhar o dinheiro e  cantava o restante da cantiga depois. Grandes gargalhadas. O empresário  reapareceu com um lenço e me ajudou a apanhar as moedas. Desconfiei que  ele fosse ficar com elas. Essa desconfiança foi transmitida à platéia e  redobraram as gargalhadas, especialmente quando o empresário saiu do  palco com o dinheiro e eu o seguí ansiosamente. Só depois que ele  entregou o dinheiro a mamãe, foi que voltei ao palco e continuei a  cantar”.
Chaplin, em sua atobiografia

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