segunda-feira, 13 de junho de 2011

Aos amantes de Chaplin

“Foi devido às falhas de voz de mamãe que, na idade de cinco anos, apareci pela primeira vez num palco. A peça era ‘A Cantina’, apresentada no Aldershot, um teatrinho poeira frequentado principalmente por soldados. Lembro-me de que estava de pé nos bastidores, quando a voz de mamãe falhou, reduzindo-se a um mero sussurro. O público começou a rir, a cantar em falsete e a miar como gato. O barulho aumentou tanto, que ela se viu obrigada a sair de cena. Chegou aos bastidores agitadíssima, pôs-se a discutir com o empresário e o homem, que me vira representar para os amigos de mamãe, sugeriu que eu me pusesse em cena no lugar dela. No meio da cançoneta, uma chuva de moedas desabou sobre o palco. Imediatamente parei e disse que primeiro iria apanhar o dinheiro e cantava o restante da cantiga depois. Grandes gargalhadas. O empresário reapareceu com um lenço e me ajudou a apanhar as moedas. Desconfiei que ele fosse ficar com elas. Essa desconfiança foi transmitida à platéia e redobraram as gargalhadas, especialmente quando o empresário saiu do palco com o dinheiro e eu o seguí ansiosamente. Só depois que ele entregou o dinheiro a mamãe, foi que voltei ao palco e continuei a cantar”.
Chaplin, em sua atobiografia

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