Nas próximas semanas, alguns dos 200 mil rolos que ocupam a sede da Cinemateca Brasileira, na Vila Clementino, vão percorrer a cidade.
Em carros refrigerados, sairão da zona sul rumo à zona oeste. Chegando ao galpão da Vila Leopoldina, sua nova casa, os filmes vão dormir numa antecâmara, para não sofrer choques térmicos.
Uma vez adaptados, os rolos migrarão para as prateleiras novinhas que ocupam duas câmeras refrigeradas a 5ºC. Hoje, eles estão armazenados sob 12ºC ou 15ºC e os atuais depósitos estavam chegando ao limite e com o novo espaço, cresce em 25% a capacidade de armazenamento. Além da expansão natural e necessária, vai permitir a separação do acervo.
E, se vista sob a perspectiva histórica, a inauguração desse espaço, prevista para daqui a três semanas, tem ainda mais significado. É que a história da Cinemateca, nascida como um clube de cinema, em 1940; sempre marcada por tropeços; refletiu, durante muito tempo, o descaso do Brasil com sua memória cultural. A falta de sedes (o espaço da Vila Clementino só foi inaugurado em 1992) e a dificuldade para implantar uma política contínua chegaram a ser vistas, por um dos seus criadores, Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977), como sina irreversível. Além de funcionar como reserva técnica, o novo espaço vai abrigar, futuramente, um museu do cinema.
Em três meses, será aberta uma oficina de manutenção de equipamentos que o mercado já não usa, mas que, para a cinemateca, são essenciais, como a moviola. Tudo o que for reformado vai compor o museu destinado a contar a evolução técnica da atividade.
Fruto de uma costura política que envolveu o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a prefeitura de São Paulo, a ocupação do galpão que, antes, abrigava uma fábrica de bombas hidráulicas, chama a atenção pelo arrojo arquitetônico e pelas dimensões.
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