No dia 8 de junho o Núcleo Audiovisual de Votorantim deu início ao processo de criação de vídeos poéticos focando diferentes olhares sobre o urbano, a cidade e suas faces. O trabalho teve como ponto de partida uma imersão interior através de um exercício do qual brotaram pensamentos e textos que servirão como base para os vídeos. Confiram alguns textos:
Ao (per)correr a calçada
O concreto limita os gestos
Como paredes, fazem das faces um tom reto
Não, não pergunte.
Não há tempo.
Caminhe, e não pare.
Os corpos, partículas que se agregam
Como o movimento.
Se desagregam, mas não se perdem no tempo.
Formam cortinas
Como um balanço de jangada ou de rede,
nos roubam as retinas.
Cinestesiadas pela jornada da rotina.
Não, não pergunte.
Não há tempo.
Caminhe, e não pare.
A comunhão através da comunicação:
-É impossível
Completude é ilusão.
O viável, são:
-Os cacos, os pedaços, os retalhos
O que permite o gosto do desejo;
desejo pelas ruas, pelas trilhas.
De caminhos abertos,
pelos rastros de desgastes,
pela medida do certo.
“É o cotidiano, de contornos foscos”
Do sinaleiro ao corre-corre dos pedestres.
Não, não pergunte.
Não há tempo.
Caminhe, e não pare.
Antes da chuva, o céu é cinza.
No árido, o afago clama pelas gotas.
Que carreguem os dias cansados.
E abafem a velocidade do TrAtAdO UrBaNo.
Que torne-se cálido, o úmido.
Em seu dilúvio arraste os vestígios dos cacos.
Acalentando um sabor cheiroso de terra
Fazendo acreditar que por assim a alma seja eterna.
By Débora P. de Oliveira
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Ao lado da fábrica abandonada...
Ao lado da fábrica abandonada...
“Na cidade do concreto, paredes cobrem faces e corpos que se escondem do que é externo. Movimentos se fazem necessários para a sobrevivência e o tempo, o tempo apenas limita tudo aquilo que queríamos ou deveríamos querer fazer e não podemos, porque não temos “tempo”.
Comunicação é o meio que liga a todos, uns aos outros, vivendo por aqui, na Terra. E é também o que nos falta, para se viver melhor. Desejo sobra, há desejo de tudo em todos os lugares e é impossível realizar todos que sentimos, e que na verdade devemos sentir, pois são os desejos que nos inspiram e nos encorajam a viver e sempre sonhar com uma vida melhor. O desgaste é muito, desgaste físico, desgaste emocional, desgaste mental e que de uma hora para outra desaparecem quando chega a chuva, nos lava a alma e cura feridas que até então nos pareciam incuráveis. Sem grande velocidade, tempestades, furacões, dilúvios e outras mais turbulências, também se fazem necessárias; necessárias para a evolução, do homem, do mundo e de tudo que um dia virá a terminar, já que nada será eterno.”
By Mariana Mendes.
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Impressões da Cidade
Impressões da Cidade
Este é um mundo de concreto e asfalto, onde você se depara rodeado por paredes.
E os caminhos para percorrê-lo não sãos fáceis. Os corpos se estranham e não há calor humano, e cada movimento da vida pode levar a um precipício.
Todo tempo de aprender leva a um fim e a cortina vai se fechando.
Esta é uma jornada que, aliada a falta de comunicação dos que já a atravessaram, nos atrasa.
Assim é a existência, um labirinto. O pé descalço na terra vai deixando sua marca, assim como uma trilha de de desejos, caminhos percorridos pela paixão.
E o desgaste é visível nos olhos, que acompanham a chuva, que a cada gota abre uma pequena ferida na terra, na velocidade do piscar dos olhos.
E o que eram gotas podem virar um dilúvio, um mar eterno onde não há mais chão.
By Rafael Onizuka
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Tempo no Tempo
Concreto, sólido, obvio, consistente como uma parede que bloqueia faces de caminhar ou evoluir. Corpos estagnados nunca em movimento como o tempo que passa sobre as paredes, e revela como cortina faces que buscam seguir sua jornada, mas que estão bloqueadas dentro de sua própria comunicação e existência. Entre a Terra e o desejo, há uma existência e caminhos a percorrer com muito desgaste e consistência, só a chuva limpa as feridas para que um dia o tempo passe na sua própria velocidade, não como num dilúvio, onde estar à deriva no mar parece sempre eterno o lugar ao se alcançar.
By Tatiana Maria..
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Impressões da Cidade
Concreto que engloba a cidade e as paredes pelos ambientes iluminam as faces dos moradores que vivem em corpos de outros, todos com as mesmas almas em movimento e transição; refletem pelo tempo e pela sabedoria, na qual as cortinas da realidade se fecham pela jornada de tudo e todos contemplando a comunicação e a solidão que torna a existência a única verdade em terra. Desejos das cidades diversificam os caminhos pelo espaço, comunicando-se com o desgaste que a chuva do dia-a-dia aumenta as feridas do urbano. A velocidade reflete nas ondas do trabalho e do dilúvio eterno.
By Fernanda..
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