terça-feira, 6 de setembro de 2011

Diretor iraniano é impedido de deixar o Irã

O cineasta Mojtaba Mirtahmasb, assistente de direção de Jafar Panahi ("O Círculo", 2000), foi impedido de deixar o Irã ontem (5/9).
Seu passaporte foi confiscado enquanto ele tentava embarcar num voo para Paris com a mulher e o filho. Apenas sua família pôde viajar.
Mirtahmasb foi proibido de deixar o território iraniano e seu computador e pertences pessoais foram apreendidos pelas autoridades locais, segundo informou a assessoria de imprensa de sua distribuidora no Brasil.
Ele ia promover o longa "This Is Not a Film" (isto não é um filme) na Europa e no hemisfério Norte. Na França, entra em cartaz no dia 28 de setembro. Também terá exibições no Festival de Toronto na próxima quinta (8/9) e sexta (9/9).
O documentário mostra um dia na vida de Panahi, que também foi preso pelo governo e aguarda decisão judicial sobre sua apelação contra a condenação a seis anos de detenção e a ficar longe do cinema por 20 anos. 
Panahi foi acusado de cometer crimes contra a segurança nacional do país e de fazer propaganda contra a República do Islã.
Quando "This Is Not a Film" foi exibido em Cannes, em maio, Mirtahmasb foi seu representante oficial.
Segundo a revista "Variety", o documentário foi contrabandeado para a França em um pendrive escondido dentro de um bolo. O filme causou furor, daí o incômodo das autoridades iranianas com esta nova viagem.
No Festival de Veneza deste ano não há nenhum filme iraniano em competição nem na mostra paralela "Orizzonti", famosa por reunir produções de diferentes recantos do mundo.
Para a pesquisadora francesa Odile Decq, que faz parte do júri da mostra "Orizzonti", a notícia é lamentável. "Estive no Irã, conheço muita gente do cinema
iraniano e sei que, para os filmes que são vetados pela censura, a situação é muito difícil."
O diretor, produtor e roteirista chinês Jia Zhang-ke, presidente do mesmo júri, lamentou as dificuldades do país em "deixar o cinema falar".
"This Is Not a Film" foi filmado em março no apartamento de Panahi, onde ele cumpre prisão domiciliar, com uma câmera digital e um iPhone, gastando US$ 4.500 (cerca de R$ 7.500).
Mirtahmasb também trabalhou em longas como "A Caminho para Kandahar" (2001), de Mohsen Makhmalbaf, e "Dois Anjos" (2003), de Mamad Haghighat.

By www.folha.com.br/ilustrada/




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