quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Pará tenta inserção no cinema brasileiro com festivais


Não é uma significativa penetração, mas uma modesta tentativa de inserção. Produções paraenses em curta-metragem, num passado recente espécies raras de se encontrar, aos poucos conseguem estar ao lado de outros pólos tradicionais de produção em festivais de cinema.
Ribeirinhos do Asfalto estreou no Festival de Curtas de São Paulo. Entre o final do ano passado e meados de 2011, circulou por Cine PE (Recife) e Festival de Brasília outro curta produzido no estado, Matinta. Um recomeço para uma localidade que não figura entre os maiores produtores de cinema do Brasil.
Também neste ano circulou um vizinho amazonense, Cachoeira, que também foi exibido no Festival de Curtas de SP.
Semelhanças unem os dois curtas-metragens paraenses e o amazonense. A começar pelo desejo de som, muito parecido nos três filmes, explorando sons da natureza. Outro elo é a presença de Dira Paes e Adriano Barroso, protagonistas de Ribeirinhos do Asfalto e Matinta. Mais um ponto de contato nessas três manifestações cinematográficas é o enredo, que trabalha o contato da urbe com um coração paraense mais próximo às tradições ou à natureza. Belém, num dos filmes, é quase um monstro que assusta.
Por não ter um grupo de realizadores e técnicos em produção constante, os três filmes não conseguem manter o ritmo narrativo do começo ao fim, repetindo uma dramaturgia escorregadia – enquadramentos óbvios são um exemplo. A fotografia também frequenta no mesmo registro: explorar a saturação e o colorido local.
Em Ribeirinhos do Asfalto, Rosa (Dira Paes) moradora da ilha do Combu, quer dar um rumo diferente à filha e luta para mandá-la a Belém para estudar, sob os cuidados de uma prima. O marido, conservador, é contra. Na pequena saga entre o recôndito e a capital, o curta-metragem dirigido por Jorane Castro consegue expor, na imagem, a violência da chegada de um ribeirinho à cidade grande – como no plano em que a família, de barco, se aproxima de Belém.
Por outro lado, a montagem estende planos sem força dramática ou beleza estética (a mãe, vivida por Dira Paes, regando as flores), e as interpretações do elenco secundário deixam a desejar.
Todavia, para o Pará, que não conseguiu, até agora, estruturar-se como um pólo de produção permanente fora do eixo econômico como Pernambuco e Ceará; é importante que os filmes tenham conseguido acolhida em festivais de cinema tradicionais

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